24 de outubro de 2010

1994

Se eu pudesse, arrancaria sua dor com os dentes. Tiraria toda sua angústia, todo o medo e o desespero. Se eu pudesse olhar nos seus olhos tristes e cansados, e dizer que tudo acabaria de outra forma, talvez realmente acabasse. Libertar-te de toda a amargura, e tirar um sorriso da sua face pálida, um último sorriso que fosse. Enxugaria suas lágrimas com o mais nobre véu, e ao tocar meus dedos em suas veias saltadas, eu sugaria todo o veneno que havia ali, fecharia as feridas, sem deixar nenhuma marca, nenhuma lembrança. Mas nada posso, nada pude. E tanto não posso, que algumas vezes me sinto sufocada, presa por memórias que sequer me lembro, que eu gostaria de esquecer mas não posso, pois como esquecer se não me lembro? Talvez se eu estivesse do seu lado, segurando sua mão quando você mais precisou que alguém o fizesse, tudo seria diferente. Oh, eu não posso suportar. Sua falta é tanta que chego a ser dependente dela.

L.

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